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11. Ela não é uma Dama

“Finalmente caiu em si. E foi em queda livre.” (Clarice Freire) Na manhã seguinte, Violeta e Lena saíram juntas para ir ao colégio, como sempre. Mas, como nunca, havia dois garotos parados em frente ao portão. O coração de Violeta ficou alerta ao ver Lucas: o uniforme do Colégio, que sempre lhe parecera tão formal e sério, nele tinha um aspecto descolado e moderno. Talvez fosse a forma como ele estava amarrotado. Ele e Jaime haviam trocado comprimentos, um pouco constrangidos, e esperavam em silêncio pelas meninas. - Seu amor está esperando por você. – Provoca Lena. - Ao menos o “meu amor” não parece um cachorrinho, como o seu Jaime. – Devolve Violeta. - Não. – Concorda Lena, cheia de malícia. - O seu é mais como um lobo selvagem. Lena deu o braço para Jaime e apressou o passo, caminhando na frente para que Violeta e Lucas pudessem conversar com mais privacidade. Lucas a beijou no rosto e pegou a mão dela. - Vamos? - Vamos. Os dois começaram a d

17. Amor Amarrado

“Venha a mim, e fique preso Pelos poderes da Rainha das Encruzilhadas” (Simpatia para amarração de amor) A chuva estava muito forte lá fora, e os sons da tormenta chegavam até o porão. Ana Rosa desceu as escadas, levando apenas uma vela roxa no castiçal. Ela vestia sua capa ritualística preta e estava apreensiva. Poucas coisas eram capazes de assustar Ana Rosa Arabella, mas ela nunca havia tentado aquele ritual sozinha. Se concentrou ao traçar o círculo, cantando rezas quase tão antigas quanto a humanidade. Se sentou fora dele, derramando vinho e tabaco em seu interior. A velha bruxa iria apreciar a oferenda. Não demorou muito e a vela foi apagada por um sopro de vento anormal. Ana Rosa sentiu os pelinhos da nuca se eriçarem quando a visão luminosa da bruxa idosa apareceu, sentada em uma cadeira de balanço e costurando. - Meus velhos ossos doem nessas noites de tempestade. – Gemeu o espírito da bruxa. - Eu lhe trouxe vinho e tabaco, vovó. – Disse Ana Rosa, a

14. Sozinha

“Solidão. Após a queima de fogos, Uma estrela cadente.” (Shiki) O silêncio foi absoluto por alguns segundos. Lena deu uma leve tossida. - Vou ao banheiro. – Murmurou, se afastando. Violeta olhou para as próprias mãos, escondendo as unhas com esmalte descascando com as mangas da jaqueta. Por dentro, Fernando estava trêmulo, mas decidiu continuar firme por fora. - É mesmo verdade? – Insistiu ele. – Você também pensa em mim? – Ela continuou em silêncio. - Não vai me responder? – Perguntou, sentindo o rosto quente. Violeta hesitou, mas por fim o encarou, com os olhos enormes. - O que quer que eu diga? Eu só sei que você fica me encarando com muita insistência desde o ano passado... Se eu não estiver enganada. - Não está enganada. Silêncio novamente. Violeta perdeu a paciência. - Então por que mentiu? – Perguntou, abraçando os próprios braços. – Por que fica me encarando? Fernando demorou um pouco para responder, engolindo em seco. - É complicado... V